quinta-feira, 27 de outubro de 2011

droga


Um certo tempo depois de te conhecer,você se tornou minha droga.A imagem pela qual minha dopamina grita.Passei a me viciar no teu afeto,no teu aconchego,na sua verdade.O meu vício por ti passou a controlar meus pensamentos,meus dias,minhas ações.
Já sou tão sua que me esqueço.Me jogo aos cantos do quarto e te espero entrar pela primeira lembrança que meu pensamento forma.Seu riso me faz perder o chão.E seus olhos,ah,seus inconfundíveis olhos.Eles me perseguem dia e noite,não que eu queira fugir deles,por favor não me entenda mal,mas chego a perder noites ao pensar neles.
E escute,não procuro por uma cura.Não quero.Não preciso.O que sinto é visceral,indiscutivelmente.E cada vez que me entrego,a minima parte,que seja,o vicio se dobra,se triplica.
Sua ausência machuca,e a dor perpetua com o silêncio da dúvida do amanhã.A necessidade que tenho quando você se vai após um dia,aumenta,pois como outras drogas,quanto menos temos,mais as queremos.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

coração


As coisas andam muito difíceis,não andam,minha menina ?O que está havendo com você ? Por que andas tão triste?Tão desapegada da vida ?Tão desesperançosa?Para onde sua luz correu? Essas ondas que andam se quebrando em suas costas,essas cobranças que te rebatem,te jogam no chão e te menosprezam .Essa vida que te joga pro alto e não te espera cair de volta para te pegar antes de cair no chão.Sei que você chora porque já viu as coisas serem bem melhores.E eu sei pelo que passas.Esse corredor de overdoses de lágrimas que desaguam sobre o seu travesseiro.Se acalme,está bem?Tudo vai passar,eu não minto,tudo vai passar.Peço pra que você respire.Leve um dia de cada vez.O tempo passa e ele arrasta,feito essas ondas que batem em suas costas,tudo que te faz mal.
Ontem,escutei você chorar.De novo ele ? Te ligou ? Te fuzilou com as malditas palavras ? Me dói tanto te ver chorar.Me comprimo por inteiro em seu peito.Você deve sentir.
E todas essas pessoas apontando seus erros ? Quem elas pensam que são ? Elas nem te conhecem,nem sabem o que você sente.Por qual razão te julgam tanto ? Te jogam nesse muro ímpar por razão alguma.Vou lhe dizer: Não mereces.Jamais merecerias algo assim.
Não te culpo por sempre deixar com que os outros se sobressaiam,te juro.Me conheço,sou bobo e me desmancho por palavras aparentemente verdadeiras.Sem querer,te faço boba.Me desculpe.
Novamente,peço para que você se acalme.Não gosto de te ver assim.Eu cuido do resto está bem assim?


Assinado,seu coração.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

desgaste

Eu,que por tantas vezes havia pedido a calma estava me desesperando.Voltei a contar nos dedos meus sonhos,meus passos seguintes e as horas necessárias para que eu pensasse em mim mesma.Com o tempo,a quantidade de dedos foram sumindo das minhas contagens.Passei a ficar sem sonho,sem passos,sem hora.Voltei a me questionar,a me perguntar para onde eu havia corrido,com quem minha alma ficou,onde havia abandonado meu 'eu'.Cansei de ignorar minha vida para salvar os outros do próximo tombo.Esvaziei minha mala cheia de conselhos que havia dado e ombros encharcados de lágrimas de terceiros.Me desiludi da ideia de que a felicidade dos outros depende de mim,e ,que tenho que colocar o sorriso nos lábios dos que me rodeiam e sacrificar o meu próprio.Cansei de grosserias,de gritarias sem nexo,de canções repetidas e de pessoas vazias.Até porque,com o desgaste,fui ficando vazia.Confesso,tenho um sério problema de me importar demais com os outros e sempre pensar que posso mudar o dia de alguém.Pura ilusão,ninguém se importa.
É isso,meu apego se desgastou.Meu eu se desgastou.

sábado, 8 de outubro de 2011

trocas


Vento gelado do fim da tarde que como brisa passa por meus cabelos,os bagunça,os embaraça.
Fria tarde que me arrepia,que me congela,que me lembra do quão eram quentes seus braços.
Espero pelo próximo ônibus na quase escuridão da noite.
Chego em casa.A chuva é constante lá fora.
Suas cartas na minha gaveta junto com o porta retrato que tirei de minha mesa de canto na manhã de hoje.
Pois é,seu cheiro é recente aqui.Por cada cômodo que passo,é como se você tivesse acabado de bater a porta da frente e ligar o motor,enquanto eu observava seu carro passar pelo portão,seguir a rua a frente até te perder no horizonte.
Que pacatas essas paredes que hoje me servem de abrigo,que sabem de minha vida,que ouviram nossos segredos,nossos planos.
É provável que elas sejam a maior prova que nosso amor,certo dia,existiu.
Minha mochila é uma grande aliada também.Percorreu nossos caminhos,assistiu nossas conversas,seguiu nossas palavras e nossos passos.
Por culpa de nossas vidas e destinos,passei a trocar seus braços por um teto que me abrigue.Suas palavras,pelo silêncio dessas paredes.Suas histórias,pelas memórias dessa mochila.
Troquei o meu 'eu' completo,por um vazio.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

continuar


Sento no canto de meu quarto,analiso minha penteadeira com minhas coisas penduradas e bagunçadas sobre ela.Percebo minha imagem no espelho,ímpar,solitário com meus sonhos em mente destruídos pela realidade vazia.'Por qual razão eu ainda tinha sonhos ?'
Me calço,coloco meus fones de ouvido e o capuz de minha jaqueta me envolve.O mundo fica por trás da música alta que alcança meus tímpanos .
Passo pelo portão de casa despreocupado e tomo um rumo,sem saber que horas vou voltar.
Minha mãe me liga,eu atendo digo o dê sempre 'está tudo bem' ela retribui com um 'te espero para jantar,seu pai estará em casa hoje.Se apresse pra voltar',digo que em breve estarei lá.Desligo.
Chego até uma praça rodeada de crianças,que gritam em mudo por meus fones estarem atingindo,sozinhos,meus pensamentos.
Ascendo um cigarro.Me sento em um banco perto de uma banca de jornal.Tento ler a manchete do jornal que estava cerca de mim.
Me arrependo de não ter trazido algo para minha distração,pois você apareceu.
Apareceu entre os beijos de casais que passavam.Apareceu entre as canções que um grupo de jovens cantava.Apareceu no cheiro de minha jaqueta.Apareceu nas mãos dadas que me rodeavam.Apareceu em minha lista de músicas aleatórias.Apareceu nas luzes que rodeavam a cidade.Apareceu no por do sol.Apareceu nas nuvens rosadas pela luz que o crepúsculo fazia.Apareceu na minha tentativa frustrada de desapego por você.
Onde você está hoje? Que lábios tocam os seus ? Quais são seus novos planos ? Suas novas ilusões ? E seus novos amigos ? Já contou alguma mentira ao novo dono de seu coração ? Quem está sendo sua almofada no filme chato da tarde ?
Foi inevitável conter as lágrimas ao relembrar de sua saída,sem adeus,pelo mesmo portão que passei a alguns momento atrás e sabendo que você não voltaria.Sabendo que você não ligaria no dia seguinte.Sabendo que minha parte que vive em você,morreu.Sabendo que eu havia me transformado,pra você,em apenas folhas mofadas e antigas de seu livro,que em breve encostaria em qualquer prateleira para que o tempo tomasse conta.
Deus havia me deixado para trás,pois me lembro bem de pedir a Ele tantas e tantas vezes 'nunca a deixe partir,por favor'
Apaguei meu cigarro.Enxuguei minhas lágrimas.Tomei meu rumo de volta para casa.
Mesmo não sentindo,mesmo não vendo,mesmo querendo o oposto,ainda estava vivo.
Eu ainda devia meu trabalho de história para meu professor,ainda devia sorrisos falsos aos colegas de classe,ainda precisaria continuar com minha rotina desgastante e frustrante.
Ainda precisaria continuar,sem razão alguma para respirar,precisaria continuar.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

caixa


Essa cansativa rotina de estender os braços pro alto,fingir que o mundo não gira,que não há passado e que não há presente.A gente cansa de fingir que os problemas não nos afetam e tentamos ao máximo olhar pro céu e ignorar toda essa baderna descontrolada que passa diante de nossos olhos.A gente se perde em meio essa vida louca que nos ilude,que persiste em alienar-nos,que faz nosso dia virar noite sem percebermos.Por fim nos revoltamos,em plena multidão de mesmices,indo contra tudo que não é verdadeiro e por fim não chegamos a lugar nenhum.
Esquecemos de dar-nos valor,acreditar em nós mesmos,abraçar e expulsar a carência.
Trocamos rosas por espinhos,estrela por borrão,tempestades por arco-iris,amarguras por perdão,descasos por abraços.
Admitimos a solidão como aliada,andamos de mãos dadas e nos apaixonamos por essa intensa depressão de nossos seres quebrados e machucados,ligados a uma decepção passada.
Tratamos como montanhas aqueles que nos enxergam como pedras,deixamos que nos pisem,que nos agridam,a conta de que ? De mais uma amargura em nossas caixas de mágoas, que assim que transbordam virão lágrimas ?
Controle sua baderna,sua caixa empoeirada,suas falsas verdades,seu passado despedaçado,suas estruturas balançadas
Deixe o resto de lado,deixa que o tempo da conta do recado.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

amargo.


Me desmoronou.
Está engasgando-me com minhas próprias lágrimas,meu próprio respirar se tornou ofegante.
Onde está você ? Por que você se foi ? Por que não voltou logo ? Por que largou meu coração frente a chuva que viria?
Nada tem significado sem você.Nada.
Desde que você se foi,o vazio passou a ser meu melhor amigo.É desesperador e sofrido cada dia meu,eles parecem não acontecer.
Sua palavras me apunhalam,me fizeram refém de meu próprio sentimento,me atiraram em meio as suas palavras que vieram a se transformar em balas assim que me tocaram.
Por que se foi ? Por que ?
Claro,não te obrigo a ficar,mas por que me faz parecer tão errada ?
Você costumava dizer que nunca iria me abandonar,onde eu estava com a cabeça pra acreditar ?
Você não se lembra de mim ? Você foi sem nem um adeus.
Sempre tento pensar onde foi que errei,mas parece que cada vez que procuro as respostas,mais elas fogem.Onde errei ?